(DES)CRENTE
(DES)CRENTE
Confesso que já cri o mais profundo.
Hoje, porém, me sinto indiferente
Após reconhecer, forçosamente,
Em toda e qualquer fé algo infecundo.
Há quem assim me julgue mau ou imundo,
Evitando até passar na minha frente...
Como se os religiosos de repente
Se sentissem melhores qu'eu no fundo
Embora pecadores convertidos,
No afã de condenar coisas terrenas
Vivem a computar os meus desguidos...
Por não me querer santo -- humano apenas --
Enquanto sou contado entre os perdidos
Lhes desdenho do inferno as duras penas...
Betim - 04 12 1998