VIV'ALMA

VIV’ALMA

Lá — sob os eucaliptos do caminho

Que "três vezes deserto" é existente

Como ficção do poeta tão-somente —

Estou, sem ver viv’alma, só. Sozinho...

— "Existo?" — eu me pergunto — Se vizinho

Ao nada de Drummond sem haver gente,

Feito uma alma penada em minha mente

Andando pelas sombras o adivinho...

Na imensidão da noite, o poeta em verso

Curvado e circunspecto 'inda persiste

Sem mais viv’alma ao meu olhar disperso.

— "Ei-lo: Nos eucaliptos algo triste..." —

Talvez não haja nada no Universo.

Mas, se aqui eu existo, o poeta existe.

Betim - 05 05 1998