NEGRO LUAR

Ah! Se eu fosse a bela alvorada

De uma manhã da tarde a se abrir

Para uma noite prata enluarada

A outro mundo não queria ir.

Mas sou em vida a triste madrugada

Do entardecer da noite a seguir

Para um dia em fuga desastrada,

Indo a um lugar sem porta de sair.

Num labirinto olho para a lua

E vejo o sol jogando sobre a rua

Raios de chumbo frio sobre o ar.

À noite em claro passo o escuro dia

De pesadelos tendo a companhia

De nada além do que o negro luar.