EMPAREDADA
EMPAREDADA
Nada podem as mãos contra o concreto
E os gritos que jamais alcançam um.
Resta apenas, sujeita à lei comum,
Ser reduzida rápido a esqueleto.
De parede à parede, chão ao teto,
O espaço não lhe dá conforto algum.
Devora-se, por fim, em vão jejum,
Vítima d'algum péssimo projeto.
Estranho é que a razão de tal clausura
Fora justo a esperança libertária,
Perdida em meio à noite mais escura.
E a pena que ela cumpre feito pária
Tão-só prolonga a angústia em que figura,
À espera d'uma morte solitária...
Betim - 30 08 2013