Soneto da inquietação
Por quase encontrei um descanso nos braços seus
Trazia um sorriso que pensei ser, mas não era meu
Busco de novo, como vitrola antiga, um disco sobre o outro
A música que acerta o ritmo e o tom do encontro
Já me acostumo com o absurdo da rapidez dos olhares
Íntimos hoje, mas, amanhã estranhos
Como se nunca se cruzaram e leram pensamentos
Começando como pares e terminando como ímpares
Cada qual olhando seu horizonte inquieto
Riscando o dedo sobre o asfalto escuro do "eu é que estou certo"
Não há certezas no amor, apenas aceitação do jeito que são
Cada qual escolhe um cômodo para ficar
Assim não há perigo de se olhar
O que um fez e deixou o outro no seu lugar