Canto de dor
Canto de dor
Edir Pina de Barros
Tento escrever, mas não consigo algo
para cantar, que tenha algum relevo,
somente minha dor, que eu sei, não devo,
pois sublimá-la até proponho e galgo.
Com lágrimas a banho, benzo e salgo,
e beijo-a com ternura, doce enlevo,
embora ela palpite enquanto escrevo,
enquanto nestes versos eu cavalgo.
Mas como não cantar a dor que sinto?
Como sorver calada fel? Absinto?
Como domar a sua força bruta?
Eu canto e dentro em mim ela me escuta
e amaina, fica terna, diminuta,
perdida em meio ao próprio labirinto