MUDA
O corpo está desgastado.
Ao seu redor, tudo parece desencantado.
Mas a cigarra vai mudar,
para ela cantar.
Vai se livrar do corpo invernoso.
Há um brilho de sol gostoso!
O velho corpo já está a rachar;
das fendas, ouço o seu cantar!
Se despe da armadura do medo.
Rasga toda a carapaça
para se livrar do degredo.
Já está vazia a velha casa.
Ela voa com muita graça;
feixe luminoso está em cada asa!
-Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2009.