PARTINDO
Bordo um verso que já não versa vida
O inverso se desenha em vaga esfera
No tempo em que me vejo esquecida
Na demora da última hora de espera.
Num aceno, vou partindo num navio
E deixo um fio de esperança no porto,
Levo na alma um coração leve e vazio
Brancos lírios e delírios em peito morto
Não há tempo nem vida, não há nada...
Apenas vultos de vela branca apagada
Elo frágil que se perde em desenlace...
Escuridão de noite fria que mortalha,
Estrela e céu como troféu de batalha
E nenhuma pétala-carinho que abrace.