Soneto para quem não quer o senhor

Em muitos lugares aonde vou

Recebem-me com tanta simpatia

E, exacerbando a maior cortesia,

Ouço muito o tratamento senhor.

As cãs já me fazem merecedor

Dessa distinção, dessa honraria,

Que agradeço, mesmo dispensaria,

Pois, dizem, cabe melhor ao Criador.

Sendo “senhor” uma grande barreira,

Que mais me afasta do que me aproxima,

Vou escutando a conversa inteira...

E assim, meu senhor, na loja, na feira,

Na rua, no ônibus – não se declina –,

Recebo o “senhor” das boas maneiras.