Sobre a dor
Edir Pina de Barros

Eu conheci, da dor, trevoso inferno,
profundas fendas,  vãos e precipícios,
o breu que encobre o início dos inícios,
escuras furnas onde agora hiberno.
 
Eu dissequei a dor, que aqui externo,
cheguei ao osso, vi seus orifícios,
da íntima estrutura os interstícios,
o avesso do suplício – o lado interno.
 
Quando pensava que sabia tudo,
- sua estrutura, forma e conteúdo –
ela se riu de mim... Quanta impiedade!
 
A dor é Outra – a que sozinha trilho  –
quando se perde para a morte um filho,
presença ausente em forma de saudade.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 23/10/2017
Reeditado em 27/08/2020
Código do texto: T6151007
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