PEREGRINO
Do meu sorriso o trágico destino
assombra quando a noite vem, trevosa,
falar-me da algidez abominosa
que abraça o peito flébil, peregrino.
Doeu demais e, sendo repentino,
o duro adeus me abriu a sinuosa
estrada onde, em viagem vagarosa,
bradejo mergulhado em desatino.
Na imensidão das mágoas falta vida
aos olhos noutros tempos radiantes
por ti numa loucura desmedida.
Dos lábios tomou conta uma tristura
porque dos teus carentes, suplicantes
só sentem o sabor desta amargura...