- Hoje só restam lembranças...
Lembro-me de quando você furtiva apareceu calada,
Olhos arregalados e pele suada era sua primeira fuga.
Faltava oportunidade e na tarde daquele agosto já ido
Tivemos um encontro tão formal que parecíamos tolos,
Você sentada na beira da cama com pensamento restrito.
Talvez indagando por que e outros por quês atormentados.
Tudo era silencioso e uma música suave se ouvia bem baixo.
Não me esqueço, tocava o Bolero de Ravel com André Rieu.
Deixamos que a musique fluísse e tiraste a roupa lentamente,
Com uma vergonha que corava seu corpo as partes apareceram.
Não houve comentários, embora a vergonha fizesse dar as costas.
Não me importei e cheguei perto e pude tocar seu ombro
Um arrepio tomou o seu corpo tremulo de emoção e ficamos.
Hoje só restam lembranças daquele quarto com muita saudade.