CHEIRO DE CERRADO (soneto)

Quando a alvorada chegou, eu fui a janela

Sentei-me. O horizonte abriu, a vida arfava

Eu, ao vento, atraído, a essa hora admirava

E estaquei, vendo-a esplendorosa e bela

Era o cerrado, era a diversidade em fava

Céu róseo um mimo! A arder como vela

De pureza singela tal qual uma donzela

Que hipnotizava a alma, eu, observava

Então me perdi no perfume que exalava

O olhar velava com pasmo e com tutela

Aí, hauri toda a essência que fulgurava

E agora, fugaz, lembrando ainda dela

Sinto o cheiro, que na memória trava

Da alvorada do cerrado vista da janela

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2017, junho - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 10/06/2017
Reeditado em 30/10/2019
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