ALGUNS VERSOS (soneto)

Alguns versos vazios, diáfano, me espiam

Atrás da luz natural do cerrado afogueado

Inquietos no quase nada do olhar fustigado

Em pé ao fundo da vastidão que os afaziam

Vejo o sol avermelhado, ali tão angustiado

Entre as quaresmeiras que no clarão, cerziam

Criando ilusões que nas saudades doeriam

Em silêncio, que um dia no peito foi tatuado

São letras ocas de um entardecer perverso

Que tenta brotar de um devaneio imerso

À tona em trova de lágrima da recordação

De fora do presente, tão vário é o universo

E eu pareço apenas durar no meu reverso

De cujo alguns versos escorrem da solidão

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2017, abril. 05'40" - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 23/04/2017
Reeditado em 30/10/2019
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