Soneto
Cansado do estoicismo decadente,
Quero lançar-me à carne voraz,
Gozar a delícia e o corte pungente,
Abraçar os instintos mais brutais,
Que muitos há que por aí dissimulam,
Arrojam ao chão os outros com a virtude,
Renegam o gozo livre e a juventude,
Porque estão velhos e não mais copulam.
Mas não, o sábio é amigo da vida
E sabe conviver com incongruências,
Sabe amar e odiar de alma erguida,
Jamais culpa os outros se é covarde
E muito menos se isola em suas crenças,
Mas condena os fortes à liberdade.