Soneto (O Matemático Bêbado)
Eu sei que me equilibro na distância,
sou um bailarino na luz do horizonte.
Minha alma é ave cujo vôo é ânsia.
Noturno, espero que a manhã desponte
para eu anoitecer ainda mais cedo,
para eu poder dormir bem acordado,
para eu poder voar em degredo,
para eu poder pousar num sol gelado.
Equilibro-me num fio sobre o abismo,
com o guarda-chuva roto de um pateta.
Teço no ar a soma de um algarismo,
faço lógicas dignas de um poeta,
entre um e outro cálculo sofismo
e o acúmulo de zeros me completa.