Soneto
Ainda acredito em papai noel,
acredito que tudo é possível.
Sei que a vida é só a porta do céu
que se fecha num eclipse indefinível.
Quem sou eu na vida? Apenas um réu
julgado por uma lei incoercível.
Minha pena é sofrer o amargo do mel
e a doçura do fel no mesmo nível.
Sim, ainda creio no amor de madrugada,
no apalpar de um túrgido seio,
no enleio da cama incendiada.
Ainda creio em milagres, ainda creio
que a vida é uma súbita chegada
de um hóspede que ainda não veio.