Soneto
As horas vão passando em espiral,
O tempo vai gemendo no espaço.
Viver nada mais é do que um abraço
De adeus na estrada ignota e terminal.
As horas vão-se, em procissão astral,
Ganindo nos relógios, sem embaraço.
Desatam-se um a um, laço por laço,
Os nós da existência fenomenal.
E enquanto uns intuem além dos sentidos
Um reino atemporal que nunca cessa,
Há outros por aí que, iludidos,
Crêem reter o tempo com mão possessa,
Mas só os realmente renascidos
Sabem que é no fim que tudo começa...