Soneto

As horas vão passando em espiral,

O tempo vai gemendo no espaço.

Viver nada mais é do que um abraço

De adeus na estrada ignota e terminal.

As horas vão-se, em procissão astral,

Ganindo nos relógios, sem embaraço.

Desatam-se um a um, laço por laço,

Os nós da existência fenomenal.

E enquanto uns intuem além dos sentidos

Um reino atemporal que nunca cessa,

Há outros por aí que, iludidos,

Crêem reter o tempo com mão possessa,

Mas só os realmente renascidos

Sabem que é no fim que tudo começa...

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 25/03/2017
Código do texto: T5951724
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