TARUÍRA
TARUÍRA
Pequena e clara, sobe p'la parede
A lagartixa sempre amedrontada.
Penso me ver em sua só mirada
Enfim refestelado sobre a rede.
Perto, um cálice mata a minha sede
Enquanto eu acompanho outra jornada
Rastejante que empreende essa coitada
Cuja vida a mim não cheira nem fede.
É tão pequena qu'eu mal posso vê-la
E, por discreta, é fácil esquecê-la
Camuflada n'algum reboco caiado.
Eu com ela me entendo, todavia,
Por lhe aprender mais dia menos dia
Sua arte de viver sem ser notado.
Betim - 02 07 2000