EU E DEUS

EU E DEUS

Estávamos então sós, eu e Deus.

Caía a tarde sobre os dons despertos,

Quando me vi co’os olhos bem abertos

Fragmentado em miríades vis d’eus.

As máscaras quebradas, PERSONÆ meus,

Quedaram mudas entre sons incertos.

Habitava a amplidão, campos desertos,

Em soledade eu cria os signos Seus.

Assim, face a face -- não mais oblíquo --

Pude ver sem espelhos meu ser iníquo,

Que a si, miseramente, se perdeu...

Revelou-se em verdade -- antes longínquo --

Dentro de mim, o Eu-profundo e o Outro-Eu;

E, no próximo, o olhar do Galileu.

Belo Horizonte - 12 04 1998