AMAR SEM AMOR
AMAR SEM AMOR
Ao beijo o lábio sente, mas o quê?
São outros olhos estes; não aqueles...
Solto palavras ternas, à Meireles,
Como se mal actor que ninguém crê.
Saio para vê-la (levo-lhe um buquê?).
Mas, tão logo se tocam nossas peles,
Sei-me dos miseráveis, o mais reles;
Fingindo sem sequer saber porquê.
Nus, nós permanecemos mascarados
Ao gozo distraído que, abraçados,
Nos permitimos n'uma noite fria.
Depois pernoito insone em sua alcova
Para guardar d'aquela face nova
Talvez uma improvável nostalgia.
Betim - 02 08 2016