SOFRENDO
Aperta o peito a saudade dela,
Que talvez tivesse uma voz suave,
Deixa-me tenso a tênue luz da vela
E o distante som do voar de ave.
Eu entro triste na velha capela
Onde não a vi pela estreita nave.
Na parede escura só a arandela
Cala-me o riso num semblante grave.
Eu seguro a dor para não cair,
Pois o dia a muito que escureceu,
Então eu sofro por quem nunca vi,
Por quem não falou, nem me escreveu.
Não sei ao menos se andou aqui,
Como também não sei se já nasceu.