Confissões
Edir Pina de Barros

 
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

(Motivo, Cecilia Meireles)

Perguntam-me a razão de minha escrita,
de meu pulsar em versos, que não cessa,
e tal mergulho em tudo – tão sem pressa –
entregue à solidão, que em tudo habita.
 
Perguntam-me, também, o que me incita
a versejar - se acaso é uma promessa –
e como, nos meus ermos, se processa
a poesia, em si, que é luz bendita.
 
Perguntam-me se escrevo por ser triste...
Não sou!  Porém, meu ser não cansa e insiste
em abraçar o triste, aonde eu for.
 
Eu sei que versejar me alegra, acalma,
e que me entrego inteira – corpo e alma –
ao belo que há em tudo, até na dor.

 
Brasília, 28 de Junho de 2016.

Livro: Lira insana, pg. 10 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 28/06/2016
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T5681460
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