A AVENIDA

Ainda ando pela avenida Paulista
procurando laranjeiras e as flores
que crescem nelas. Mesmo que resista
à dor, sinto frio, não vejo cores.

Elas, por certo, aqui não estarão,
que é inverno. Mas sigo pela avenida.
Sigo para iludir meu coração
sobre a verdade, sobre a partida.

Amanhã já não estarei aqui.
Amanhã não sei onde estarei.
A avenida me desgarrou de ti,

de mim e me engoliu. Fui incapaz
de ser o príncipe, ou, talvez, o rei
a dispor em teus anseios a paz.