Luxúria (1)
Edir Pina de Barros
O teu olhar, que assim me finca as unhas,
com fogo e com venenos de Quimera,
escavam, dentro em mim, funda cratera,
igual as pontas finas de mil cunhas.
Mais finas do que os pelos das vicunhas,
de forma que, jamais, se pensa ou espera,
perfuram minha tez em primavera,
quais bicos das araras nas pupunhas.
Ninguém escapa, não, de tal sangria,
das unhas afiadas do desejo,
mais fortes do que as garras de uma harpia.
Ai! Quando o teu olhar, assim, me espia,
esgarço os frágeis véus do tolo pejo,
e cravo em tua carne uma poesia.
Brasília, 14 de Maio de 2016.
Edir Pina de Barros
O teu olhar, que assim me finca as unhas,
com fogo e com venenos de Quimera,
escavam, dentro em mim, funda cratera,
igual as pontas finas de mil cunhas.
Mais finas do que os pelos das vicunhas,
de forma que, jamais, se pensa ou espera,
perfuram minha tez em primavera,
quais bicos das araras nas pupunhas.
Ninguém escapa, não, de tal sangria,
das unhas afiadas do desejo,
mais fortes do que as garras de uma harpia.
Ai! Quando o teu olhar, assim, me espia,
esgarço os frágeis véus do tolo pejo,
e cravo em tua carne uma poesia.
Brasília, 14 de Maio de 2016.
Nymphe et Saty - Alexandre_Cabanel (1860)
Lira insana, 2016: pg.73
Lira insana, 2016: pg.73