Ciclos (83)
Há dias que se acabam sem canários
cantando nas paineiras, já sem flores,
nas árvores, tão secas e sem cores,
de galhos retorcidos, tantos, vários.
Os campos vestem hoje véus, sudários
que cobrem os sinais devastadores
do estio. E em todo canto que tu fores
verás que os tons são tristes, cinerários.
Há tempos mais severos, mais mesquinhos,
que deixam, nas paineiras, só espinhos,
e tudo que era belo se amortalha.
Mas logo tal tristeza, em si, se amaina,
ao flutuar, ao vento, a leve paina
que cai na relva seca e ali se espalha.
Brasília, 13 de Maio de 2016.
Há dias que se acabam sem canários
cantando nas paineiras, já sem flores,
nas árvores, tão secas e sem cores,
de galhos retorcidos, tantos, vários.
Os campos vestem hoje véus, sudários
que cobrem os sinais devastadores
do estio. E em todo canto que tu fores
verás que os tons são tristes, cinerários.
Há tempos mais severos, mais mesquinhos,
que deixam, nas paineiras, só espinhos,
e tudo que era belo se amortalha.
Mas logo tal tristeza, em si, se amaina,
ao flutuar, ao vento, a leve paina
que cai na relva seca e ali se espalha.
Brasília, 13 de Maio de 2016.
Caixa de Pandora, pg. 33