PUTREFEITO
PUTREFEITO
Quando os vermes fervilham na carniça,
Logo revoam em roda os urubus!
Vejo rostos exangues, corpos nus,
De quem sucumbe em vão por vã cobiça.
Uma e outra vida em vão se desperdiça
Até que, ultraviolenta, venha a luz:
Na fria antemanhã, triste supus
Que a vida tenha o horror como premissa.
Nascemos e morremos sós. E sós
Vivemos sem saber se algum de nós
Existe por algo mais que existir.
Mas aquele que vir tão-logo após
Encontre, entre um dever e um devir,
O olhar arregalado por partir...
Belo Horizonte - 04 10 2011