POESICES

POESICES

Não entendo poesia como um templo,

Onde algum deus a nós a face volve.

Não é problema que algo me resolve;

Nunca me dá respostas, por exemplo.

Se escrevo, é porque dentro me contemplo:

Resgato minh’alma e a dívida se solve!

E embora admita o quanto em mim revolve,

Não serve de argumento ou contraexemplo.

Só entendo a poesia em transcendências

A alimentar-me a mente e o coração

De insólitos encontros de consciências.

Co'a cabeça nos céus e pés no chão,

Eu sigo a escrever sem ter evidências

De que para a poesia haja razão.

Betim - 24 12 2010