PENÉLOPE

PENÉLOPE

E não pôde uma história, embora triste,

Retirar os seus olhos do horizonte...

Vigia o mar até que a nau aponte

Trazendo a si o herói que além persiste.

A história que contaram não resiste

À febre a latejar em sua fronte.

Só soube desdenhar quem mal lhe conte

O infortúnio do nauta em tom de chiste.

Cerco, não corte, o que lhe fazem eles!

Aborrecida, recolhe-se ao mirante

E olhares e suspiros lança errante.

De lá, lamenta tudo... Inveja o reles,

Que livre goza o sol, o céu, o mar...

Sem ter nada a perder. Nem a esperar.

Betim - 01 11 2014