Manuel Maria Barbosa du Bocage

[SONETO DE TODAS AS PUTAS]

Não lamentes, ó Nize, o teu estado;

Puta tem sido muita gente boa;

Putissimas fidalgas tem Lisboa,

Milhões de vezes putas teem reinado:

Dido foi puta, e puta d'um soldado;

Cleopatra por puta alcança a c'roa;

Tu, Lucrecia, com toda a tua proa,

O teu conno não passa por honrado:

Essa da Russia imperatriz famosa,

Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)

Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:

Não fiques pois, ó Nize, duvidosa

Que isso de virgo e honra é tudo peta.

BOCAGE

COM OU SEM A PUTA!?

A puta que o pariu vais ou te mando?

Sua puta, eu já estou puto da vida!

Tu mereces, porra, é viver fudida...

Pra ti, daqui pra frente estou cagando.

Me recolho pra porra do meu canto

e com mil porras enche a tua greta;

Vai pro caralho com tanta mutreta,

tomar no cu que é o melhor canto.

És foda! Meus versos têm vergonha

de te dizerem palavras tão medonhas,

tão indiscretas qual peido fedido.

Mas o soneto que agora encerro

me alerta que se te deixar me ferro:

Vais com a boceta e eu fico fudido

JOSÉROBERTOPALÁCIO

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 29/03/2016
Reeditado em 09/06/2019
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