Soneto de Ajuda
Em ferro o meu sorriso estrangulado
foi morto e, antes, prensado em brasa ardente.
De pé vem meu orgulho eclipsado;
e a força da esperança jaz doente.
Engulo o meu líquido mais salgado.
Não sei se é sangue ou lágrima demente.
Solto um gemido estranho, um som fechado,
e espalho os meus pesos em minha frente.
Caduco, eu vou passando a juventude;
calado, eu faço o estio de um choro forte;
cansado, eis que não fui mais do que pude.
Se meus desejos já me não são meus,
sou o grande rejeitado pela sorte.
Mas não desistirei: Salva-me, Deus!
(03/02/2005)