RAMALHETE

RAMALHETE

As rosas murcham logo. Espinhos, não.

Quedam a ressecar e, após, ferir!

Devem ter-se razão lá d'existir,

Mas ficam a espetar, presos à mão...

Assim também o amor ao coração:

Espeta sem saber quase o partir.

Houvesse de o rasgar e ainda o abrir,

Menos mal causaria que a ilusão!

Todavia, é o amor que me acelera

O sangue que me corre pelas veias

E me traz de novo ess'outra quimera.

Pois farto de verdades já às meias,

Anuncia ora a vera primavera

N'estas vermelhas rosas que me anseias.

Betim - 01 01 2016