ETERNIDADE E PEDAÇOS
AION, o deus não concebido - eterno - ,
O Bem e o Mal – fruto não originado –,
Céu pleníssimo de intérmino Inferno,
Ao qual, ataráxico, estou destinado!
À foice do teu KHRÓNOS me consterno;
Em curvo pensar, revivo, quedado
A carnália de um Eros subalterno
Em Ânteros de fulgor não arrendado.
Mesmo com KAIRÓS, por azar ou sorte,
Nada vejo neste tétrico esporte:
Por incerto, fugaz e necessário -
Tosco engodo febricitante e vário
De senhor ou de vassalo vicário
Em desejar e sofrer até a morte.
(Do livro "Divinus et mundanus", autor Carlos Roberto Fernandes, 2016, Editora Recanto das Letras, página 159).