Soneto da minha Solidão
Ei, Solidão, faz sala aqui pra mim.
Mas antes, por favor, querida amiga,
põe aquela música bem antiga.
Viver, e recordar, é o menos ruim.
Fica à vontade, que esta casa é tua.
Apenas não notes a confusão
dos meus batimentos. Repares não.
Bem mais sonha quem dorme pela rua.
Constante, imóvel, fértil e resistente,
não me acalentas. Mas estou contente,
ainda que breve… Logo irei partir.
Por ti meu coração bate uma palma,
por ti também se abrem as portas d'alma.
Amiga, apaga a luz. Vamos dormir.