Tragédia
Desfazem-se em poeiras os intentos;
De cartas o palácio rui dos sonhos;
Rasgam-se tetos, caem firmamentos
Dos mundos tão seguros que supomos;
Nos cotidianos gestos que compomos
Algo se anula; e já, de ardor isentos,
De mãos atadas vemos- sem assomos-
Romperem-se na Essência os ligamentos.
Se, mesmo assim, erguendo fronte altiva,
Ao pó que o olhar embaça e assola o peito,
Com vida o quebrantamos -inda viva -;
Transpomos, pois, o grave parapeito
Dos limites do Ser sem perspectiva:
-lá Fora ainda está do mesmo jeito.