Tragédia

Desfazem-se em poeiras os intentos;

De cartas o palácio rui dos sonhos;

Rasgam-se tetos, caem firmamentos

Dos mundos tão seguros que supomos;

Nos cotidianos gestos que compomos

Algo se anula; e já, de ardor isentos,

De mãos atadas vemos- sem assomos-

Romperem-se na Essência os ligamentos.

Se, mesmo assim, erguendo fronte altiva,

Ao pó que o olhar embaça e assola o peito,

Com vida o quebrantamos -inda viva -;

Transpomos, pois, o grave parapeito

Dos limites do Ser sem perspectiva:

-lá Fora ainda está do mesmo jeito.

Caio Batista
Enviado por Caio Batista em 31/10/2015
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