INSÔNIA
INSÔNIA
Não me basta ter a folha em branco
Para escrever-me mais um verso amaro.
Tampouco cabe n'outra noite em claro
Tanto desassossego e querer franco.
É forçoso admitir que não estanco
Minha ferida embora o pensar claro.
Como também dizer que não encaro
A hora senão desperto a solavanco.
Esta é a dor da noite mais escura,
Que queda sobre mim enquanto ignoro
Porque vida tão dura tanto dura...
Inúteis, quer a dor; quer o seu choro.
Dói!... Mesmo que a verdade seja pura;
Dói!... Mesmo que a saudade fosse cura.
Belo Horizonte – 25 11 2000