CRÔNICAS D'EL REY - soneto primeiro

CRÔNICAS D'EL REY - soneto primeiro

Escuto o velho rei em seu lamento

De figura admirável na real sala:

Mais bruxuleiam os círios sua opala,

Pondo as sombras do paço em movimento...

Às vezes, ele hesita n'um momento

E murmura, inaudível, sua fala.

Tão terrível o crime ao qual se cala,

Só segreda às paredes seu tormento.

O remorso percebe-se tão denso

Que o poderia até tocar -- eu penso --

Enquanto a narrativa reinicia.

Nem sequer justifica mais seu trono,

Tal a sinceridade no abandono

De experiência inútil, pois tardia:

* * *