À MARGEM DA VIDA
Mais um domingo passa. Como sina,
tardo a sair da cama em que desperto,
enquanto brilha o sol no céu aberto
a sugerir mergulhos na piscina.
Não tenho quem me liga e me azucrina
para curtir um samba ali por perto,
nem nunca espero ouvir (é quase certo)
o som, a me apressar, de uma buzina.
Se a fome à tarde mostra sua fereza,
procuro o saco pardo sobre a mesa
e faço desse pão o meu almoço.
Depois, sentado só sobre a cadeira,
começo a inevitável bebedeira
que apaga da memória o dia insosso.