Invento

"Invento versos de um amor que não sinto,

Sonho com o futuro, e só conheço a saudade

Dos meus momentos sucintos,

De felicidade.

E em mim há algum contentamento,

Nessa vida abatida, de vaga mocidade:

São os versos de amor que invento,

Sem felicidade.

E quando escrevo, a dor é esquecida,

E as rimas me transbordam de serenidade

E sinto, enfim, alguma coisa parecida

Com felicidade.

Mas isso não é sempre, às vezes minto:

Invento versos de um amor que não sinto."