Primavera
Dolentes horas mortas! Sol a pique!
Primavera, rebentos mil, sem pressas.
As cores vestem árvores, possessas
rendido ao meu amor suplico: - Fique!
Na voz da primavera cabe um dique,
de morte ou nascimento de promessas.
Falas de coração e me confessas
que mudar é tão simples como um clique
Miro as árvores. Um lento mudar!
E não vão a lugar algum! Eu, porém,
podendo não vou. Algo me retém!
O amor é muito mais do que um vaivém
Viagens de estações sem se quedar,
é andar sem saber que vai ficar!