Sonetos homenageando os versos de Elizabeth Barrett Browning

Amo-te quanto em largo, alto e profundo

Minh'alma alcança quando, transportada,

Sente, alongando os olhos deste mundo,

Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:

A luz do sol, na noite sossegada.

E é tão pura a paixão de que me inundo

Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;

Com sorrisos, com lágrimas de prece,

E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.

Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,

Ainda mais te amarei depois da morte.

(Elizabeth Barrett Browning)

"Amo-te quanto em largo, alto e profundo"

Prazeres que viajam em outro astral...

Vou ao Céu e a profundeza abissal

Um pé no chão, outro n’outro mundo.

Amo-te! Sei que teu amor permite

Adocicado, amargo, com muito ou pouco sal

Que tanto faz, nas cinzas ou no carnaval,

A medida de te amar, não tem limite.

Amo-te, sem ter que precisar convite

Pra festa que teu amor insiste;

Amar-te é dançar frevo e bolero.

Sussurros às vezes manso, outras fero,

Somando as paixões nos vamos fundo,

Neste poço, de prazeres, tão profundo.

Josérobertopalácio

“Minh’alma alcança quando, transportada”

Enfim me vejo ao topo da montanha

Movida ao teu prazer que tanto assanha

Quanto me faz caminhar em tua estrada.

Minhas mãos tementes de darem mancada

Se perdem nas vielas de tua manha...

Indecisas! Quem bate, quem apanha?

É nosso amor virando a madrugada.

O dia já raiou. Anda minh’alma!

Te aquece neste sol e te acalma;

À noite tu terás novo batente.

A alma dela tem muitas vertentes

E nestas águas voltarás a navegar...

Mas cuidado para não se afogar!

Josérobertopalácio

“Sente, alongando os olhos deste mundo,”

Faz como se o feito não terminasse,

Dá-se com todo amor que contém em si,

Assim, alto, largo e profundo.

E vive orgias, fantasias, tudo

Que as noites sensuais incendeiam.

Mentiras e verdades lhe rodeiam;

Refém, a meretriz, do mundo imundo.

Amantes tão febris, não verdadeiros

Que usam estes cobres traiçoeiros,

Pra compra do seu corpo loteado.

O ruge e o batom são os matizes

E pintam alegrias nas infelizes,

Que fingem, num amor tão desolado.

Josérobertopalácio

“Os fins de ser, a graça entressonhada”

Que já venceu começo, meio e fim,

Parece, agora, se manifestar pra mim

E a sorte em meu peito faz morada.

A solidão partiu pra outra jornada

A dor já se desatrelou de mim

Te vejo, linda rosa, em meu jardim

Tu és calor pra minha invernada.

A solidão da casa me trazia

À noite os pesadelos, agonia,

Agora, enfim, eu sou um felizardo.

Os sonhos virtuais vão ao teclado.

E o verso cúmplice da inspiração

Permite-me que crie essa ilusão.

Josérobertopalácio

“Amo-te em cada dia, hora e segundo”

E com este amor combato as intempéries

Em sensações que são fora de séries

Montadas nos prazeres que me inundo.

Aí, nossos corpos se juntando,

Gerando as energias, os ampéres

Sem nada nos devermos e sem haveres...

Carinhosamente sempre e brando

Teus cabelos macios, leves, soltos

Nossos corpos desnudos e envoltos

Num amor brioso, efervescente.

E tua feição a me mostrar os dentes

Na beleza mais rara deste gozo,

Desejo nosso se fazendo acintoso

Josérobertopalácio

“A luz do sol, na noite sossegada”

Pouco importa, pois sem tua presença

O bom da vida sumiu e não compensa

Curtir só, sem rumo, a madrugada.

O que fazer então? Eu me pergunto.

Preciso ter um norte pra seguir

Perdi-me do caminho do porvir,

Mas não me entregarei, jamais, ao pranto.

Eu vou vencer fugindo desta luta

Jamais ajoelhar-me em tua gruta;

Paz no futuro sem glorias no passado!

A folha eu já virei pro outro lado

E meu diário, agora, está arisco:

Não aceita qualquer tipo de rabisco.

Josérobertopalácio

“E é tão pura a paixão de que me inundo”

Que exponho o amor neste soneto

De forma tão comum e, do meu peito

Brotam as emoções, bem lá do fundo.

Por mais que eu verse não te falo tudo,

Embora amar seja ato perfeito,

Ainda vacilo pra encontrar o jeito

De fazer essa viajem ao teu mundo.

Escondo atrás dos versos a timidez

Mas sempre a te dizer com altivez:

Nos teus braços estarei sempre imerso.

Eis, aí, a chave do sucesso,

Desejos nossos sempre livres, plenos,

Na Terra, Lua, Marte, Sol e Venus.

Joséroberopalácio.

“Quanto o pudor dos que não pedem nada”

Eu me alimento apenas de esperanças,

Supridas de nossas velhas lembranças

Que trazem o sol pra minha invernada.

E no meu travesseiro o teu perfume.

As cartas, os búzios, nunca dizem nada,

Tanto faz, boca da noite ou madrugada;

O meu neon sem ti é vagalume.

Agora o que fazer sem o teu viço?

Sem rosa sou espinho feito ouriço,

As portas das saudades estão sem chaves.

Meus sonhos não seguiram tuas naves...

Se tantos nãos ouvi e nenhum sim.

Sem ti, talvez, nem seja tão ruim.

Josérobertopalácio

“Amo-te, com o doer das velhas penas”

Que riscam minha dor por estes versos,

Que tentam nos dizeres mais diversos

Usar destas palavras mais amenas.

Te busco, amor, por todas as antenas

Pra nos ligar num belo recomeço

Pois tudo que eu peço, é teu apreço...

Ah saudades das noites tão pequenas!

Tua ausência castiga este esteta!

A dor é companheira predileta,

Mas sigo a tecer os nossos laços

E vou amor, trazer-te aos meus braços,

Fazer surgir pra nós u’a nova vida

E a dor envergonhada; fuja perdida.

Josérobertopalácio

“Com sorrisos, com lágrimas de prece,”

A lágrima é do riso a variante

Como é comum, enfim, com o amante

Caído na teia que ela tece.

E aos olhos do amante ela é miss.

Vivendo ao seu dispor, todo instante,

Dengoso igual em estado interessante;

Pior que ela não vê tanta candice.

E segue a confundir paixão com sexo...

O amor pergunta: onde está o nexo?

Muito fogo pra pouco candeeiro!

Se o gozo de amante é o dinheiro,

Amante só no começo é gostoso,

Mas pra ficar: vai ter que ser gastoso.

Josérobertopalácio

“E a fé da minha infância, ingênua e forte”

Serviu-me de esteio e não tombei

Eu fiz a travessia e aqui cheguei;

A fé premiou, sim, a minha sorte.

A vida me ensinou curar o corte

Nas pedras do caminho eu pisei.

Espinhos? Em muitos deles me furei,

Na fé me apoiei; foi meu suporte.

E tendo Deus em mim, eu tenho norte

Um cais onde meu barco sempre aporte

E me conforte, com a sorte amena.

O dia de amanhã a Deus pertence!

Que o futuro jamais seja suspense...

Em paz eu vou cumprindo a minha sina.

Josérobertopalácio

“Amo-te até nas coisas mais pequenas”

E na simplicidade dos meus sonhos,

O amor suporta as perdas e os ganhos,

As tempestas e as brisas mais amenas

Como se fossemos papel e pena

Rabiscando as emoções, os momentos

Num roteiro de entretenimentos,

O amor a nos ditar roteiro e cena.

Ator e atriz! A vida nos assistindo

E ao abrir do pano, enfatizando,

A vontade de representar o amor.

Cantar onde há tristeza, onde houver dor

Juntar as mãos pras coisas tão pequenas

Pedindo a Deus que nos mantenha em cena.

Josérobertopalácio

"Por toda a vida. E, Assim Deus o quisesse"

Eu te amaria ao meu jeito e maneira;

Mas errei amor, cometi asneira

E pra reverter o quadro, haja prece.

Pergunto por que não se compadece?

A camisa eu já mandei pra lavadeira

Prometo que será a derradeira

Mancha de batom. Por favor, esquece...

A boemia eu vou deixar e juro

Daqui pra frente não cometo furo,

Só vou querer te amar e nada mais.

Arrumei um novo emprego e, aliás,

Estou sendo motorista de madame,

Mas estou bem comportado, não reclame.

Josérobertopalácio

“Ainda mais te amarei depois da morte.”

Tive a sorte de poder ter-te comigo,

Vais estar na paz do meu jazigo;

Continuas, nessa viajem, a ser meu norte.

Não sofra querida e não se importe

Se esta matéria já não esta contigo,

Belas lembranças adocicam este amargo;

Sorrir te ajudará curar o corte!

Em tudo que errei desculpas peço

Não quero transportar defeitos meus,

A fé me faz pedir perdão a Deus;

Na nova caminhada ter sucesso.

Se a vida é da morte iguaria:

Encare a morte, então, com simpatia.

Josérobertopalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 31/03/2015
Reeditado em 31/03/2015
Código do texto: T5190540
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