SONETO V
Vês! O burro de cargas, ali fora,
Que só trabalha pelo seu alimento,
Leva sua vida curta em sofrimento
E pra viver a vida, não tem hora.
E você! Seu jumento cabresteiro,
Que não é burro, mas leva esta sua vida,
Que de boa, não tem nada é sofrida,
Que não é jegue, mas morre por dinheiro.
Poucos levam a vida bem no duro,
Porque na vida querem bem viver.
Tu, presente do que foi sem futuro,
Não queira ser um asno ou astro.
O que você vai ser quando morrer?
Deixe no seu percurso o próprio rastro.
Pedro Barros