A Morte do Cisne e  Nossa Vida.

 
 
Da terra descolores nascem flores
Nós e vós, rosas e jasmins
Gramado verde em pastios sem fim.


Emoldurados rochedos eternos emergidos
Areias cinza em cascatas pelo vento,
Dormem no leito dos rios e mares resilidos

Almas, sombras e sonhos. Etéreos
O húmus que somos interagem fundidos
Corporificados e florescentes diedros vem
No Cântico, às sendas, porvir que esmaece...

Do balé somos todos os cisnes perfilados
Nesta dança vencedora da morte suscitada
Alados, alçaremos voos renovados.
O maestro ergue a batuta, a sinfonia acontece!








        

 
Nota resumida do autor: Sobre a peça “A Morte do Cisne” extraída de Lituraterre (site).
 
          Avançando para esferas interiores de si própria, a obra cresce pra fora (tornando-se imortal) e internamente (gerando crias e multiplicando-se). É nesse movimento de expansão que um de seus movimentos (Le Cygne) é destacado por Michel Fokine e transformado, ele próprio (o movimento, não Fokine) em uma peça autônoma: uma das mais belas coreografias de Ballet de que se têm notícia.


Fokine, no ano de 1905, teve o privilégio de trabalhar esta composição ao lado de Anna Pávlova, uma das maiores dançarinas russa. Nascida em um subúrbio miserável de San Peterburgo. Eram vistos juntos, absortos na sua soberba tarefa, nos parques e jardins admirando cisnes e lendo, juntos, a poesia de Alfred Tennyson. O resultado de todo esse investimento é uma explosão de uma beleza interior indescritível: uma das peças mais bela já apreciada pelos sentidos humanos. Com pouquíssimos minutos de duração, “A Morte do Cisne”  formato final, ilustra os últimos momentos de um cisne ferido. Com uma graça quase impossível de ser executada pela anatomia humana, o ballet mostra um suave entregar-se ao seio do esquecimento: uma morte sem resistências, sem questionamentos inúteis, sem anseio de continuidade (dignidade quase impossível para humanos). A morte aqui é apresentada como evento da vida, e se é verdade o que diz Carner, que toda arte é arte por nos ensinar a morrer, encontramos mais um atributo presente nesta peça que a torna imortal. A maioria de nós vive esquecida da morte: como se ela não fosse conosco.  
A boa arte, no entanto, nos apresenta o verso: a vida entendida como perda e não como um somatório de coisas que devem ficar eternizando essa composição que um dia respondeu por um nome próprio e que como as demais coisas no universo deve passar.
Adonis Yehrow
Enviado por Adonis Yehrow em 03/11/2014
Código do texto: T5021935
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