Soneto do acorrentado

Dessa minha sina não dá mais pra escapar,

A qualquer hora que eu vá escrever é só dela que eu consigo falar,

De mim? Eu tenho até dó, imagina aí...

Um poeta de um assunto só.

Nessa menina não dá mais pra não pensar,

Impossível, vou ter que acostumar.

Naquele olho, não consigo parar de olhar,

Incrível, tudo que há me faz dela lembrar.

Essa doença pega em que tipo de raça?

Uma viagem, um sorvete, uma ida à praça,

Qualquer coisa que eu faça, sem ela não tem graça.

Essa noite passada eu imaginei nós dois,

O pôr-do-sol em um mirante, o céu, uma toalha de piquenique.

Imaginei o antes, o agora e o depois.