DENTRO DO TEMPO
Odir Milanez
Dentro do tempo, em tetro calabouço,
embalsamo o meu estro emortecido.
Dos ossos ostentados nada ouço,
como se a morte houvesse acontecido.
O breu bordeja brumas no balouço
da barca de Caronte, ou do não sido
que se move num monte de arcabouço,
sob sopros de faro apodrecido.
Versos vagueiam vagos, sem vogais.
Inverte o verbo a mística do canto,
silenciando a lira dos jograis...
Dentro do tempo, o triste é tal e tanto,
que me vejo vivendo o nunca mais,
pois nunca mais, mais nunca, pára o pranto...
JPessoa/PB
23.10.2014
oklima
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Sou somente um escriba
que escuta a voz do vento
e versa versos veros...
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