NOTURNO

Na solidão cruel que me consome

A saudade invade meu peito outra vez.

O vento lá fora murmura o seu nome

Torturando meu coração com estupidez.

E a paz da noite estrelada logo some

Levando o meu sono e a sensatez.

Como um tolo zumbi que nada come

Eu vago pela casa fria sem timidez.

Felinos nos telhados da vizinhança

Entoam felizes uma erótica canção

Parecendo sinfonia festiva de pardais.

E essa sinfonia frenética e mansa

Faz-me lembrar de uma louca paixão

Que um dia se foi e não volta mais.