SONETO DA QUASE DESILUSÃO
Pressinto no meu beijo derradeiro
toda a tristeza em que ir embora implica.
Ter que partir – e me chamar teu cheiro,
é a dura lei que a minha dor explica.
Parto, querida, mas não vou inteiro:
segue em vão minha parte menos rica;
o que há em mim, mais vivo e verdadeiro,
sei que ao teu lado, enternecido, fica.
Sem esconder minha expressão funesta,
vagueio entre as pessoas, ressentido,
como alguém que perdeu alguma festa,
mas se um brilho no olhar é percebido,
é da crença feliz, que ainda resta,
de tornar esse beijo revivido...