BIOGRAFIA DE UM AMOR

Docemente iludindo-me querias

pôr vida no meu peito dolorido,

todo o temor estéril dos meus dias:

com beijos e carícias foi vencido.

E quando das mortalhas mais sombrias

meu espírito, enfim, se viu despido,

julguei poder viver só de alegrias,

de amar alguém e me sentir querido.

Mas se o futuro alegre que eu sonhara

for somente outra dessas ilusões

das quais eu – tão voraz – me alimentara,

que possa, pelos menos, minha mente,

viver desse passado em suas visões

e nele se iludir eternamente...