AS MISÉRIAS MORTÓRIAS

O tédio transversal da boca atroz que finge

Arfante e alado tempo, de cálido esfera

Como longínqua proa do mar que se esfinge

Lá dum ínfimo céu que augura a primavera!

Moldura de cipreste formatura e fera

Que dos alvos penares a saudade tinge,

Na respalda do errante receio da espera,

Que o rasurável vácuo da terra me ringe!

Na clausura nefasta encontro a cobertura

E no sútil silêncio as pedestres memórias

Rasem a languidez da mente na estrutura...

E no enebriante ciclo de ágeis e simplórias

Mortalhas, o involucro ascende da ruptura

Que me induz as visíveis misérias mortórias.

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 07/06/2014
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