Epitáfio

Eu fui imóvel, e mesmo assim errante;

Eu tive amor, e sempre fui carência...

Por muito tempo ousei esse levante:

Uma imagem refletindo a persistência.

Eu andei perto, e mesmo assim distante;

Estive em tudo, e em tudo fui ausência...

Por toda vida usei esse semblante:

Uma imagem omitindo a decadência.

Um álbum com sorrisos disfarçados.

Não sinta pena, eu estou confortado:

A morte me ampara... É triste admitir!

Mas lembre que morri em desventura,

E por favor, não chore à minha sepultura,

Que muito mais chorei quando vivi!